Aprovado por unanimidade no 8°. Encontro Nacional de 1988, em Brasília, nos 10 anos do MPC, e ratificado no 13o. Encontro Nacional de 2000, em Belo Horizonte
1. O MOVIMENTO DE PADRESCASADOS do BRASIL começou de um pequeno grupo de casais reunidos em Salvador, Bahia, em 1978. Seus objetivos foram se concretizando em 1979 e 1980, nos encontros de Nova Iguaçu, RJ, sendo efetivados nos encontros de 1980 e 1981, em São Paulo, SP, quando foi escolhido o primeiro casal presidente: Leia e Felisbino Chaves.
2. Fruto da identidade dos caminhos percorridos pelos padres afastados do clero (não necessariamente identidade de compromissos religiosos ou político-sociais), o MPC se tomou presente em todo o país, reunindo mais de 100 casais em alguns encontros. Atraiu muitas atenções e conta com apoio de muitos, inclusive de padres, bispos e cardeais que colocam a fraternidade cristã e o Evangelho acima do legalismo eclesiástico e canônico.
3. O MPC deu origem a muitos boletins e jornais: Sinal, de Fortaleza; Sal Terrae, de Natal; Pontapé, de João Pessoa; Caminhando, de Salvador; circulares e relatórios publicados em São Paulo. Assim, o MPC difundiu-se, principalmente após 1982, com a criação do jornal Rumos, lançado em Brasília por nosso colega João Basílio Schmitt. E, para se representar legal e juridicamente, o MPC fundou, em 1986, a Associação Rumos.
4. Hoje, o MPC é um fato, um movimento social consolidado. Somos um grupo responsável por uma causa. Nossos objetivos concretos, colocados nas conclusões de nossos encontros, são os seguintes:
1. Acolhimento fraterno, apoio e ajuda mútua entre nós; 2. Diálogo possível e respeitoso com a hierarquia da Igreja e defesa de uma igreja renovada, mais aberta e democrática; 3. Compromisso e atuação junto ao povo, na busca de justiça, liberdade e cidadania, para construção de uma sociedade mais, humana. Luta por uma nova justiça internacional, contra a violência, os preconceitos, pela paz, a valorização da mulher, á defesa da ecologia e da economia solidária.
5. Com estes objetivos, não reivindicamos a volta saudosista ao passado, a um ministério à moda do Antigo Testamento. Não pretendendo abranger todas as tendências e linhas de pensamento existentes entre os colegas, o MPC é apenas um entre outros movimentos que podem ser criados, com outros nomes e outros objetivos.
6. Desde o início, optamos por um MPC não voltado para si mesmo nem preocupado com seu próprio crescimento, mas presente num contexto em que estão em jogo os direitos humanos e a justiça na Igreja e na sociedade. Um MPC com posição definida diante da realidade do país, da América Latina e do mundo, diante do povo sofrido, frente à necessidade de transformação das estruturas injustas. ‘”Nós, famílias de padres casados, somos parte do movimento geral de libertação”, afirmava o casal argentino, o bispo Jerônimo Podestà e sua esposa Clélia Luro, em Salvador, no 7°. Encontro Nacional, em 1986.
7. O MPC que defendemos está, assim, alinhado com os propósitos do Concilio Vaticano 11, da teologia da Libertação e das Comunidades de Base. Pela continuidade da missão de serviço à comunidade. Contrários ao clericalismo defendemos um MPC que fortaleça o movimento leigo, por uma nova forma de ser Igreja hoje, fazendo valer o fundamento bíblico do sacerdócio do Povo de Deus, que é a Igreja, na definição do Vaticano ll.
8. Manifestamos, por fim, nossa profunda preocupação em se reafirmar o terceiro objetivo. o mais difícil e que, por definir posições e compromissos políticos, corre o risco de nos dividir. Como exemplo, lembramos que houve contestação e discussão no 6°. Encontro Nacional de Volta Redonda, em 1984, quando alguns colegas negaram uma moção de apoio a nossos colegas envolvidos na luta da Pastoral da Terra. Reconhecemos que este objetivo é um desafio que define o caráter de nosso MPC. Este, para nós, tem a missão de unir os colegas, os irmãos, mas para estar presentes, de modo fraterno e crítico na sociedade e na vida da Igreja, Povo de Deus.
Concluímos com as palavras de dom Timóteo Amoroso Anastácio, ex abade beneditino, que foi casado, ficou viúvo e ingressou no mosteiro. Ele esteve no 7°. Encontro Nacional de Salvador e assim terminou sua fala:
“Meus queridos irmãos, ser padre casado hoje é também um dos dons a ser exercido na Igreja’.
Janeiro de 1988. Assinado por um grupo de casais do MPC São Paulo, Belo Horizonte e Juiz de Fora
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